quinta-feira, 23 de abril de 2015

A M I Z A D E

E já que hoje é o dia mundial do Livro, aqui vai uma historinha retirada de um muito bom sobre o Ideal Olímpico. E essa história de um dos mitos do esporte olímpico diz muito sobre o ideal que estamos construindo na nossa Equipe 28 de Agosto. Nestes últimos dias tivemos nos nossos treinos e encontros grandes gestos de solidariedade, amizade, e demonstração de pensamento no coletivo, mesmo em detrimento de alguns privilégios individuais.
Espírito de Equipe.
Segue a história, do livro "O Ideal Olímpico e o Herói de Cada Dia", de Phil Cousineau.
"Os Jogos Olímpicos de Berlim em 1936 fizeram parte do plano grandioso de Hitler de provar ao mundo a superioridade do povo 'ariano'. Mas Jesse Owens e um bando de outros atletas estrangeiros frustraram esse plano. Owens conquistou seus colegas de equipe e também o afeto do povo alemão ganhando medalhas de ouro nos cem metros rasos, nos duzentos metros rasos, na corrida de revezamento de quatrocentos metros, e no salto em distância. Essa façanha fez dele o primeiro norte-americano dos anais da história olímpica a ganhar quatro medalhas de ouro numa única Olimpíada. Essa é a história que todo mundo conhece. A história que poucos conhecem é a essência do mito, é a forma como ele ganhou a medalha de ouro no salto em distância - que, como ele disse depois, possibilitou as outras vitórias.
Como tinha batido o recorde mundial com 8,13 metros (que conseguira em Ann Arbor), Owens era o grande favorito. Mas, como conta Ron Fimrite, escritor especializado em esportes, 'Sob o olhar zombeteiro de Adolf Hitler, foi mal nos dois primeiros saltos (e) só tinha mais uma chance de se classificar para as finais'.
    Owens disse mais tarde: 'Lutei, lutei muito... mas o pânico espalhou-se pelo meu corpo, célula por célula, dominando-me'. Owens estava angustiado com a decisão do que fazer com seu último salto quando um de seus rivais, o alemão Luz Long, aproximou-se dele. embora fosse a epítome do jovem ariano puro - um atleta alto, louro e de olhos azuis -, Long não tinha a menor simpatia pelas teorias presunçosas da superioridade nazista. enquanto as autoridades alemãs olhavam, Long deu a maior força a Owens.
    'O que está havendo com você?' perguntou o oponente do afro-americano. 'Você deveria ser capaz de se classificar com um pé nas costas'. Sabendo que a distância exigida era de apenas 7,15 metros, Long fez uma recomendação excelente a Owens, de que ele simplesmente marcasse um ponto a alguns centímetros antes do ponto de partida do salto e pulasse de lá. Long chegou até a se oferecer para marcar o ponto com sua toalha. Owens sorriu e agradeceu-lhe, classificando-se facilmente com o terceiro salto. Mais tarde, naquele mesmo dia, depois de cinco saltos e de chegar a cobrir uma distância de 7,87 metros, Owens competiu, ironicamente, com Long, que estava tendo o melhor desempenho de sua carreira. No salto final, inspirado pelo gesto de amizade de seu novo amigo, Owens saltou uma distância de 9,06 metros* - ultrapassando Long e quebrando o recorde olímpico.
   O primeiro a cumprimenta-lo foi Long, que levantou bem alto o braço de Owens. 'Fui mais longe que Luz', escreveu Owens em sua autobiografia. 'Estabeleci um novo recorde olímpico. Pulei mais longe que qualquer outro homem da Terra. Luz não soltou meu braço. Levantou-o bem alto - como tinha feito comigo alguns dias antes - e me levou para a frente da multidão. 'Jazze Owens' gritou ele. 'Jazze Owens'! E algumas pessoas da multidão responderam: 'Jazze Owens'! Estavam me aplaudindo. Mas eu sei quem elas estavam realmente aplaudindo. Levantei o braço de Luz Long. 'Luz Long'! gritei com toda a força de meus pulmões. 'Luz Long" Luz Long'!
   Anos depois, Owens declarou que 'Num nível mais importante... 'ele foi o vencedor. Tinha dado o melhor de si, 'sem ele, eu nunca teria feito o melhor que podia. Luz manifestou realmente o espírito das Olimpíadas... Todas as medalhas e taças que tenho poderiam ser derretidas e não passariam de revestimento para a amizade de 24 quilates que eu senti por Long naquele momento".

*Transcrito como no livro, porém, o recorde atual ainda está nos 8,95, obtido pelo americano Mike Powell, em 1991.

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